Mas afinal de contas, o que é business intelligence - B. I. ?

06/08/2019 05:39

Acho que a primeira vez que ouvi falar de B.I. foi quando eu me preparava para a certificação como DBA em SQL Server na sua versão 2000. Já se vão assim quase 20 anos e o mais impressionante é saber que muitas pessoas ainda não sabem o que é B.I.

As duas letrinhas que se tornaram bem famosas nos últimos anos, assim como tantas outras, vêm sido usadas de maneira inadvertida por muitos. Basta criar um dashboard bonitinho e já dizem que aquilo é B.I.! De qualquer forma, a pergunta que ainda mais ouço por aí é: mas afinal de contas, o que é B.I.?

Business Intelligence ou Inteligência de Negócio em bom português já define de certa forma um dos principais objetivos de um projeto de B.I. Seja este projeto uma consultoria ou um produto, ambos tem o mesmo objetivo – trazer mais inteligência para as tomadas de decisões em negócios de todo porte. Isso mesmo! B.I. não é apenas para grandes empresas! Ele atende perfeitamente todo tipo de negócio, seja qual for o seu tamanho.

Peço um pouco de paciência pois vou citar um exemplo simples e tentar detalhar o mesmo para que você chegue ao final deste artigo com um bom entendimento do tema. Para isso, vou  apresentar o menor “projeto” de B.I. que já usei na vida – uma pequena matriz de comparação e classificação para ajudar na escolha de um imóvel para ser a próxima sede da minha empresa. A primeira técnica usada neste caso foi elencar características que os imóveis visitados possuíam. Dentre inúmeras, listei:

- Custo com reforma
- Localização
- Conformidade com objetivos comerciais
- Aspecto
- Facilidade para deslocamento
- Facilidade para estacionamento

Então alguém me perguntou: como você irá “valorar” o aspecto de um imóvel? Você vai fazer um orçamento para reforma em cada um dos imóveis? E aí vem a técnica de B.I. citada – classificação por comparação. Escolhi uma escala de 1 a 5 e dei notas nesta faixa para cada item acima. Vale lembrar que não orcei reforma para classificar. Apenas defini que em um determinado local, se não fosse gastar com reforma, daria uma nota máxima. E o local com maior número de itens a modificar para que o imóvel nos atendesse receberia a menor nota. Assim basta comparar um com outro para obter demais notas. Na hora de avaliar localização, escolhi quais seriam os locais que gostaríamos de estar e quanto mais próximo deles, maior a nota. E por aí vai. Apenas crio critérios avaliativos e uso.

Cheguei a algo parecido com esta planilha:

 

Reforma

Localização

Obj. Comerciais

Aspecto

Deslocamento

Estacionamento

Imóvel A

5

3

5

5

1

2

Imóvel B

1

4

2

2

3

4

Imóvel C

3

2

4

4

5

5

Imóvel D

3

5

1

3

1

3

Imóvel E

2

2

5

2

3

5

 

Depois foi o momento de definir pesos para cada critério usado para avaliar o imóvel. Ou seja, o que era mais importante para nossa decisão? Um imóvel bem localizado ou com maior facilidade de deslocamento? Se tenho muitos funcionários, talvez o segundo item seja mais relevante. Se eu tiver poucos funcionários e clientes importantes, talvez a localização seja um item a ser enaltecido. Para facilitar usamos pesos de 1 a 3.

Critério

Peso

Reforma

3

Localização

2

Obj. Comerciais

3

Aspecto

2

Deslocamento

2

Estacionamento

1

 

Daí multipliquei as notas de cada nota da primeira planilha pelos pesos e somei tudo. Ficou assim:

 

Reforma

Localização

Obj. Comerciais

Aspecto

Deslocamento

Estacionamento

Total

Imóvel A

15

6

15

10

2

2

50

Imóvel B

3

8

6

4

6

4

31

Imóvel C

9

4

12

8

10

5

48

Imóvel D

9

10

3

6

2

3

33

Imóvel E

6

4

15

4

6

5

40

 

Talvez você se pergunte agora: então você alugou o Imóvel A? Não! Alugamos o Imóvel E. Apesar de não ter a melhor nota, a classificação acima serviu para balizar nossas negociações. Pois obviamente além de tudo que citei acima, ainda existia o fator “valor por metro quadrado”. Ao percebermos que o Imóvel E tinha pontos fundamentais que gostaríamos de ter e que comparado ao Imóvel C que era bem melhor, ele custava quase a mesma coisa, fizemos uma oferta agressiva que foi prontamente aceita.

Se você teve paciência para chegar até aqui, deve estar se perguntando: e o que isso tem de B.I.? Pessoal, o B.I. não é um produto, um software, uma ferramenta. Segundo a Wikipedia, “Inteligência de negócios (ou Business Intelligence, em inglês) refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios. ... O objetivo do BI é permitir uma fácil interpretação do grande volume de dados.”

Então acompanhe comigo: no começo do exemplo eu afirmei que era o menor projeto de B.I. que participei – justamente por não ter um volume de dados tão grande. Mas observem que ao visitar inúmeros imóveis e ao ter inúmeras variáveis envolvidas nos confundimos na hora de escolher. Então ao organizar as variáveis eu criei um processo para coletar as informações que tínhamos, organizando estas informações e depois conseguindo analisa-las de forma simples e objetiva e com isso criando o tão almejado suporte a tomada de decisão. É ou não é um projeto de B.I.?

Repito que foi um pequeno exemplo, mas em resumo isso é de fato B.I. E por isso eu sempre digo que B.I. não é uma ferramenta isolada. Dependerá sempre de um esforço “consultivo”, onde interpretar a demanda, entender a dor e saber escolher melhor o que se deseja obter é o grande desafio. Uma vez que sei para quais perguntas eu quero respostas, o projeto literalmente começa. Porque aí vamos buscar os dados no meio dos inúmeros sistemas e planilhas que costumamos usar, organizá-los, classifica-los e sistematizar a forma como eles serão apresentados para o uso no meu dia a dia.

Finalizo este artigo ainda deixando claro que um projeto de B.I. nunca acaba. Ele é cíclico e viciante. Porque quanto mais eu tenho e descubro que posso ter, mais eu quero. Geralmente ele amadurece junto com o amadurecimento do meu negócio, chegando em níveis bem interessantes com conceitos avançados de B.I. sendo alcançados – como por exemplo o chamado forecasting ou previsões. Isso mesmo! Tendo dados estruturados e um certo volume histórico passa ser possível “prever o futuro”, incluindo momentos de sazonalidades. É possível por exemplo prever quando um cliente vai pedir para cancelar um contrato, antes mesmo que ele o faça.

Espero que tenha conseguido explicar de maneira resumida o que é um bom e real projeto de B.I. e que você finalize se perguntando o que gostaria de responder com um projeto destes. Não deixe de fazer seus comentários, perguntar e se quiser conhecer um pouco mais sobre este tema dentro do mercado de ISPs, o convido a assistir a série de vídeos que criamos e que termina com um caso de sucesso sendo apresentado na prática. Obrigado e até a próxima.

 

Daniel Silveira
Consultor

Atua como instrutor oficial da Microsoft há 11 anos, possuindo mais de 35 certificações e quase 8.000 horas de atuação em sala de aula. É consultor em Metodologia e Arquiteturas de Desenvolvimento de Sistemas, Microsoft SharePoint, Microsoft SQL Server e Business Intelligence. É Certified SCRUM Master pela Scrum Alliance. Com mais de 20 anos na área de TI, já atuou na área de infraestrutura, o que dá grande diferencial nos projetos de sistemas, onde pôde com isso, atuar em diversas demandas de automação e integração. Ministra palestras em eventos oficiais da Microsoft Brasil, em universidades e em eventos privados. Como empreendedor, foi sócio de empresa que atuou em projetos de adequação para o Bug do Milênio, de uma loja de revenda de equipamentos de telecomunicações, de um provedor de internet em Montes Claros e atualmente é sócio diretor da WGC Sistemas, empresa mineira que atua como Centro de Treinamentos Oficias da Microsoft e Fábrica de Softwares.

 

 

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