A rápida expansão da fibra óptica fez de Santa Catarina o estado mais conectado do Brasil, com 93% da população acessando a internet por banda larga. No entanto, essa conectividade trouxe desafios para a infraestrutura de telecomunicações, especialmente no compartilhamento dos postes. Com fios e cabos acumulados de forma desordenada, a segurança, a estética urbana e a concorrência justa entre provedores passaram a ser preocupações centrais para o setor.

Diante desse cenário, na primeira semana de março, a APRONET (Associação dos Provedores de Internet) apresentou ao presidente da CELESC, Tarcísio Estefano Rosa, dois modelos inovadores para reorganizar os cabos e otimizar o uso da infraestrutura compartilhada. (Baixe aqui a apresentação)

Amílcar Lago, presidente da APRONET e Guilherme Schmitz, gerente executivo da associação, detalharam as soluções desenvolvidas que, segundo eles, foram bem recebidas pela CELESC.

Soluções para um problema urgente

O atual modelo de ocupação de postes limita a quantidade de provedores e carece de um planejamento mais eficiente. Segundo Schmitz, a falta de um padrão prejudica tanto os provedores quanto os usuários.

"O crescimento da fibra óptica foi essencial para o desenvolvimento de Santa Catarina, mas sem uma organização adequada, a infraestrutura tornou-se um gargalo. Nossa proposta vem justamente para corrigir esse problema, garantindo que mais empresas possam compartilhar os postes com segurança e eficiência", explicou o gerente executivo da APRONET.

Durante a reunião, foram apresentados dois modelos de reorganização dos cabos, cada um com características e benefícios específicos.

O primeiro modelo é referente à reorganização dos pontos de fixação. Essa solução propõe uma padronização dos pontos de ancoragem, permitindo que mais cabos sejam instalados sem comprometer a estrutura dos postes. 

Atualmente, a faixa de ocupação nos postes comporta, no máximo, cinco empresas, o que é insuficiente para a demanda crescente. Com a nova distribuição proposta, será possível instalar até 40 cabos ópticos de forma ordenada.

"A ideia é acabar com o conceito de ‘dono do ponto’ e permitir que todos os provedores tenham acesso à infraestrutura sem necessidade de intermediários. Isso traz mais competitividade para o mercado e melhora a qualidade do serviço para o consumidor final", destacou Schmittz.

Esse modelo já foi testado em Florianópolis, na Rua Madre Benvenuta, onde oito postes foram reorganizados, reduzindo a poluição visual e aumentando a segurança na manutenção da rede.

Já a segunda solução, que se refere aos suportes organizadores para os cabos, aposta no uso de objetos metálicos e dielétricos para reorganizar os cabos nos postes. Essa tecnologia permite uma distribuição mais eficiente e facilita a manutenção, garantindo um layout mais limpo e seguro.

"Esse modelo traz um ganho significativo na organização dos cabos e pode ser implantado rapidamente. Em apenas um dia, conseguimos reestruturar cinco postes, garantindo mais espaço e melhorando a fiscalização da rede", explicou Schmitz.

Esse modelo foi desenvolvido pela empresa Organiza Cabos, que demonstrou sua eficácia em eventos do setor. A ideia é facilitar a gestão da infraestrutura sem necessidade de treinamentos específicos, permitindo que qualquer equipe técnica possa aplicá-lo.

Aceitação positiva e próximos passos

A CELESC recebeu as propostas com entusiasmo e já planeja novas reuniões com a APRONET para discutir a viabilidade técnica e operacional da implementação dos modelos. A expectativa é que a concessionária avance na adoção de um novo formato de compartilhamento, garantindo que mais empresas possam utilizar os postes de forma organizada e acessível.

"Esse é um grande passo para a infraestrutura de telecomunicações em Santa Catarina. Agora, o objetivo é aprimorar os detalhes técnicos e trabalhar em conjunto com a CELESC para colocar essas soluções em prática", afirmou Amílcar Lago, presidente da APRONET.

Com a receptividade positiva da CELESC, a associação seguirá dialogando com a concessionária e outros órgãos reguladores para transformar essas propostas em uma política pública de ocupação eficiente dos postes. Além disso, um foi sugerido um plano para envolver as prefeituras municipais no processo, garantindo que a reorganização aconteça de forma coordenada em várias cidades.

"Nosso trabalho não termina aqui. Vamos continuar buscando soluções para que a infraestrutura acompanhe o avanço da conectividade em Santa Catarina, sempre garantindo mais segurança e equidade para todos os provedores", concluiu o presidente.

Agora, a expectativa é que as próximas reuniões consolidem os detalhes técnicos para dar início à implementação do novo modelo. A APRONET seguirá acompanhando o processo e reforça seu compromisso com a modernização do setor de telecomunicações no estado.

Acompanhe as atualizações sobre essa iniciativa e os próximos passos para a reorganização da infraestrutura compartilhada em SC!